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"O AMOR FAZ NASCER FLORES EM LUGARES DESCONHECIDOS E DESPERTA A LUZ ONDE PODERIA HAVER TREVAS"


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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O menino vodú ( Final )




  Jefferson ajoelhou e pediu perdão para o menino vodú,que ignorou as suas tão fervorosas palavras e o arrastou para dentro da sua própria casa.
  Jefferson morava sozinho naquele ambiente, e na sala de estar às paredes estavam cobertas pelos quadros que ele pintava e geralmente retratavam a natureza em sua forma primitiva.
   O homem chegou a oferecer para o menino alguns quadros em troca da vingança que ele sabia que ia ser fatal porem, Dimitri não respondeu nada e apenas observava a casa; Num certo momento, se deparou com uma maquina de costura num quarto um pouco escuro ,e ao acender a luz o brilho de um cordão de ouro refletiu em seus olhos; Era o cordão que ele havia furtado do seu pai e trocado com Jefferson.
   O homem estava tentando fugir das garras do menino e, no entanto quando o menino tinha tocado em sua pele os seus ossos se enfraqueceram o deixando praticamente imóvel.
   -O que você quer comigo seu menino do capeta?
   -Por que você falou pra polícia que eu tinha roubado o quadro sendo que troquei contigo por este cordão de ouro? –perguntou o menino segurando o cordão entre os seus dedos.
   -Desculpe-me garoto,perdoa-me eu te imploro.
   -O que fizeste não tem perdão. –respondeu Dimitri.
   -O que você fez com meus ossos,minha pele e meu cabelo que caiu tudo?
   - Você não deve se preocupar com o que fiz e sim com o que vou fazer daqui pra frente.
   Jefferson estava falando muito e Dimitri usando uma agulha que pegou na maquina de costura,passou nela uma linha preta e costurou a boca do homem o deixando cada vez mais em pânico com aquela dor sentida pelas fisgadas.
   Com Jefferson gemendo,mas sem pronunciar nenhuma palavra o menino,voltou ao quarto pegando outras agulhas,uma vela,um alicate, quatro pregos 426 x 84 [ 7 1/2 x 1 ] que geralmente servem para construção de pontes ,mata burros e porteiras e por último pegou uma martelo de carpinteiro.
   Jefferson olhava aquele cenário com muito medo,até que a aflição se tornou maior quando o menino o jogou no chão de tacos e o crucificou. A dor era imensa,mas a boca costurada não deixava sair do seu interior os gritos pela tortura que recebia.
   Com a paciência de um tibetano, Dimitri começou a pronunciar em voz alta algumas rezas numa linguagem africana extinta a centenas de anos; Colocou fogo na vela, segurou uma agulha com o alicate e a esquentou até ficar vermelha, e depois uma a uma as enfiaram debaixo das unhas das mãos e pés de Jefferson.
   Ele pegava a vela acesa e dava pingos de parafina derretida sobre os olhos de Jefferson que se contorcia de dor,mas não sai do lugar por causa que estava crucificado.
   Com o martelo ele quebrou em dezenas de partes todos os ossos das pernas e das mãos do homem que o traiu e mentiu sobre ele.
   A dor em Jefferson se tornou insuportável e dando o seu último suspiro partiu para a mansão dos mortos.


   Dimitri recuperou o cordão de ouro que havia furtado do seu pai Ephraim e voltava para casa nas margens do córrego Ribeirão Preto na cidade com o mesmo nome, e ao atravessar uma ponte ali situada, notou que em sua casa tinha muitas pessoas em alvoroço e conversando bastante.
   Ele chegou desconfiado,mas sorriu ao ver que todos estavam em sua procura demonstrando sinal que gostavam dele.
   Após os conhecidos irem embora, o pai quis o reprimir pelo episódio de ter sido indiciado por roubo, e Dimitri apenas escutava o seu pai sem dar atenção àquelas broncas, e Ephraim perdendo o controle da conjuntura se aproxima apinhado de raiva e desfecha com brutalidade um tapa na boca de Dimitri,contudo, Ephraim balança a cabeça para o lado e cuspe dois dentes de ouro.
   Dimitri começou a dar risadas,jogou o cordão de ouro no chão e foi para o seu quarto,enquanto o seu pai com a boca sangrando começou a pensar sobre o advindo.
   Com Dimitri longe, Ephraim questiona adjacente à esposa Richenda:
    -Meu bem, isso foi muito estranho.
    -Ephraim, eu compreendi toda a cena e agora posso afirmar com precisão que o seu pai Kiril Salomão tinha razão ao afirmar que o nosso filho, é um demônio,ou melhor tem forças vodu em seu sangue sobre-humano.
   -Eu dei um tapa na boca dele e olha só o que aconteceu. Fui eu quem sentiu a brutalidade da minha energia.
   -Temos que ir ao feiticeiro vodu pedir explicação. Nós queríamos um filho normal e não esse demônio.


   Na manhã seguinte Richenda ligou o rádio para ouvir notícias locais, e ficou surpresa ao saber que o homem que tinha acusado Dimitri de furto havia sido assassinado com indícios de magia negra, e logo desconfiou que fosse o seu menino quem praticou o crime e, suas pernas tremeram ao também saber que o investigador que foi até a sua casa também estava morto em um terreno baldio. 
   Ela chamou o marido e ambos foram ao feiticeiro vodu pedir explicações,e encontram o homem na mesma casinha velha repleta de símbolos satânicos onde antigamente atendeu o casal.
   -Você lembra-se de mim? –perguntou Ephraim com uma voz que demonstrava raiva.
   -É claro que eu lembro,você é o cigano que veio aqui pedir ajuda pra ter um filho.
   -E você me deu um capetinha,que ontem matou dois homens.
   -Eu não tenho culpa de nada disto. –respondeu o feiticeiro meio eufórico e olhando desesperado para uma das velas pretas que queimava lentamente.
   -Tem sim. –afirmou Richenda.
   -Você acabou com a nossa vida. –desabafa Ephraim.
   -Foi vocês que pediram um filho e eu dei a vocês um filho.
   -Este menino quando nasceu matou a minha família inteira no acampamento Cipreste,eu era alegre e homem de bem, e percebo que por sua origem eu virei bandido.
   -Você queria um filho e as forças vodu lhe deram, se você quisesse um anjo ia pedir ajuda para um padre ou um pastor e não a mim. E outra, se ele ficar maior de idade ai sim a nação inteira estará fudida.
   -Toda noite eu choro pela perda da minha mãe,pai e irmãos e se soubesse jamais teria vindo aqui. 
   -Só tem um jeito de se livrar dele?
   -E qual é?
   -Somente as forças da natureza podem matá-lo, pois ele não tem poder contra DEUS.
   -Você acabou com a minha vida e agora vou acabar com a sua seu ordinário. -prometeu Ephraim que emocionado começou a chorar- Você é um feiticeiro muito mal e eu vou te matar agora.
   Ephraim sacou de um revolver 32,mas foi controlado por Richenda que pedia com fervor pra não ter mais tragédias.
   -Calma ai que eu posso ajudar vocês. -aliviado o feiticeiro argumenta.
   -Como assim ajudar? –pergunta Richenda.
   O feiticeiro explica o seu plano:
   -Eu posso fazer um novo trabalho que deixará o menino mais calmo, porem só posso garantir que isto funciona enquanto ele ainda é menor de idade e neste tempo,infelizmente vocês terão que matá-lo.
   -Eu não posso matar o meu filho! –muito zangado Ephraim tenta agredir o feiticeiro com um soco,mas ele se esquiva.
   -Calma cigano. Ele não é o seu filho e sim é filho das trevas. Se caso ele alcançar maioridade os primeiros que ele vai assassinar serão vocês dois,e garanto que será de um modo muito cruel e agonizante. E terá forças suficientes para acabar com qualquer um durante 70 gerações. Ele é apenas uma criança e seus poderes ainda não se revelaram totalmente.
   O casal com paciência pensa sobre a situação e neste momento Santa Sara envia uma luz aos pensamentos de Ephraim,que chegou a conclusão que isto seria o melhor para a humanidade e assim poderiam ter um julgamento leal e quem sabe até seriam perdoados no dia do juízo final.
   Ao aceitarem que o feiticeiro promovesse um novo trabalho o menino esqueceu-se das maldades e voltou a ter uma vida relativamente tranquila, e nem sequer foi acusado dos crimes bárbaros que cometeste.

   Estava prestes a começar o tempo das águas e sem que o filho percebesse Richenda e o marido instalou na casa um para-raios e ligou o fio terra nos pés da cama metálica de Dimitri que não desconfiou de nada. 
   Os pais tratavam Dimitri como se nada de mal estivesse acontecendo e os dias pareciam normais, até que a previsão do tempo anunciou que uma forte tempestade assolaria a zona norte da cidade de Ribeirão Preto.
   Naquela noite a chuva começou por volta das vinte horas e ventos descontrolados arrancaram com raízes árvores centenárias, e sem perceber a emboscada, Dimitri vai para o quarto e sorria pensando na vida longa que tinha pela frente.
   No outro quarto ajoelhados perante a imagem de uma Santa Sara, chorava o casal Salomão prevendo o pior, até que um raio fulminante descarregou a sua fúria no para-raios, e automaticamente fritou o pequeno Dimitri que foi reduzido a um ser sem alma e irreconhecível.
Richenda,Ephraim e o feiticeiro também foram mortos,pois foram eles que tramaram o mal àquele menino que na sua passagem pela Terra só trouxe tragédias.
   O menino vodu foi extinto, e mesmo no momento crucial da sua morte conseguiu devolver o mal às pessoas que programaram o seu fim.
   Por sorte divina Dimitri não atingiu a maioridade e a família Salomão agora sem descendentes descansam em paz na dimensão daqueles que já partiram.

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