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"O AMOR FAZ NASCER FLORES EM LUGARES DESCONHECIDOS E DESPERTA A LUZ ONDE PODERIA HAVER TREVAS"


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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O último pedido (2º Conto de terror)



       Na paróquia Santo Expedito o Padre Alessandro Medeiros dita às palavras finais da missa de sétimo dia do lavrador José Aparecido de Souza Filho:
 -O Senhor esteja convosco.
Todos responderam:
-Ele está no meio de nós.
- Abençoe-vos o Deus Filho eterno, que viveu, sofreu, morreu e ressuscitou para nos garantir a vida eterna.
-Amem.
- Abençoe-vos o Deus Espírito Santo, que consagrou o nosso corpo e a nossa alma como sua morada, e que nos garante a ressurreição e a vida eterna.
-Amem.
- Abençoe-vos Deus todo-poderoso: Pai, Filho e Espírito Santo.
-Amem.
-Vamos em paz e o Senhor nos acompanhe.
-Amem.

Os familiares do lavrador saem da paróquia em silêncio e com o coração partido por terem perdido um homem com várias qualidades e que por ser mortal também possuía numerosos pecados e assim com ironia de um destino cruel morreu sob o calor das chamas de um canavial que na verdade parecia o inferno.
Em vida José prometia que em antes de morrer ele mandaria rezar um missa no dia dos finados para as almas penadas que não conseguiram encontrar a paz após o sepultamento da carne.
José morreu sem cumprir a promessa e ao desencarnar, as almas perdidas foram resgatar a sua áurea enfraquecida cobrando a missa que ele prometia com frequência.
Eram almas de assassinos em série, estupradores, psicopatas, ditadores, terroristas e outros seres que vieram a terra apenas com o objetivo de praticar o mal.
O lavrador se viu cercado das piores espécies e percebeu que estava prestes ficar até o dia do juízo final sofrendo à mercê destes soldados de Lúcifer.
Ele resolve pedir ajuda ao Bandido da luz vermelha:
-João Acácio, eu prometi que rezaria uma missa pra almas penadas só que agora eu morri e será que tem algum jeito de eu voltar e pedir pra alguém rezar esta missa em intenções doa falecidos que não encontraram a paz.
-Tem um jeito sim, mas você só vai ter esta chance e se você voltar e fracassar na sua missão o próprio Satanás te obrigará a ficar no inferno queimando no lago de fogo, onde o cheiro de enxofre é insuportável, a dor de dente é eterna e os vermes não morrem.
-Me fala então, o que eu preciso fazer?
-Na sua missa de sétimo dia como todos os mortos você tem permissão de assisti-la e justo na hora que todo mundo junto falar o último amem você encosta-se à pessoa que você mais odiava dentre os presentes na igreja e automaticamente você terá alguma controle sobre este ser. Só que se você falhar na sua missão você já sabe né,o castigo terá sabor de sofrimento e muito sofrimento.
José aceitou em fazer o que a alma do bandido lhe falou e na missa de sétimo dia ele foi até a igreja e notou que o rapaz que ele mais odiava na vida que era um homem que “cantava” a sua mulher estava na missa cobiçando a viúva. Quando todos falaram o último amem ele se se encostou ao Márcio de Mezenga.
 Na saída da missa Márcio se aproxima da viúva Caroline de Souza e começa a puxar conversa:
-É um dia tão triste, mas sei que DEUS vai te dar muita força e no que precisar pode contar comigo pra tudo, pra tudo mesmo viu.
A viúva com lágrimas na face respondeu:
- Obrigada meu querido Márcio.
Neste exato momento Márcio sente alguns arrepios:
-Nossaaa, passou um vento frio, você sentiu?
-Eu não senti nada não e até estou com calor.
Márcio olha para uma sombra de árvore e vê o formado do rosto do falecido:
-Está amarrado em nome de JESUS, olha lá - aponta com o dedo o rumo da árvore- é o rosto do seu finado marido!
-É apenas uma miragem Márcio. –a viúva em vão tenta acalmá-lo.
-Sê besta sô... –fazendo o nome do pai ele avisa – vou embora pra casa e vou dormir que estou com dor de cabeça e depois conversamos melhor.
-Tudo bem e boa noite.
Naquela noite Márcio teve um pesadelo horripilante onde via o lavrador sendo consumido pelo fogo das canas e em volta ao seu corpo incendiado havia sete velas flutuando e a fumaça formava os números dois e onze. Ele acordou durante a noite para ir ao banheiro e ouviu uma coruja que primeiro cantou duas vezes e depois de um intervalo cantou mais onze vezes seguidas,o medo preencheu as partes mais sensíveis do seu coração e ele percebeu que tudo isto poderia ser um enigma.
Márcio interpretou os números como sendo 211 e foi ao calendário e viu que o dia 211 do ano era justamente o dia 30 de julho que era justamente o dia em que acabara de começar. Neste momento ele suou frio e no que ele olhou para trás ele viu um gato todo preto sentado no meio do corredor olhando pra ele e sem pensar duas vezes grito com ao extremo:
-Sai pra lá bicho do cão –correndo pro lado do gato acertou um chute em cheio na cara do bichinho que deu uma miada de dor e sai correndo e continuou falando sozinho- o que será que está acontecendo comigo? Será que é o Márcio que voltou pra me aterrorizar?
Naquela noite ele não conseguiu mais dormir, contudo ao amanhecer ele foi à casa da viúva para ter noticias sobre como ela estava se passando:
-Bom dia Caroline, espero que estejas bem.
-Estou melhor, porem não consigo parar de pensar no José.
-Ele deve estar fazendo muita falta né.
-Ta sim.
-Quanto tempo você foram casados?
-Na verdade moramos juntos durante uns doze anos e casados no papel e na igreja fazia exatos 2 anos e 11 meses.
O rapaz arregalou os olhos e gaguejando perguntou de novo com coisa que não tinha entendido a resposta:
-Quanto tempo mesmo de casado na igreja?
-Exatos 2 anos e 11 meses.
-Credo em cruz.
-Credo em cruz o que, até parece que não gostou da minha resposta.
-Eu vou contar pra você o que esta acontecendo. Esta noite eu sonhei com o seu finado esposo e no sonho apareceu o número 2 e 11 e aí fui ver em que dia do ano caia o numero 211 e é justamente hoje e você me fala que você ficaram casados exatos 2 anos e 11 meses. Tudo isto esta me dando muito medo.
-Deve ser tudo coincidência Márcio.
-Coincidência nada, eu vou é procurar o pastor de uma igreja e vou contar pra ele.
O rapaz foi numa igreja evangélica e explicou tudo o que estava se passando ao pastor Ronaldo que sem pensar duas vezes pegou a água benta e jogando água no Márcio disse:
-Se tem algum demônio neste corpo frágil que se apresente.
O rapaz ficou parado apenas olhando.
-Se manifeste em nome de JESUS. -ordenou o pastor.
O rapaz deu uma uivada como lobo vendo a lua cheia se jogou no chão com o espírito de José encarnado dizendo:
-Me deixa em paz, me deixe terminar o meu trabalho.
-Quem é você? –pergunta o pastor
Responde o homem retorcendo ao chão:
-Eu só quero que no dia dos finados ele cumpra uma promessa que eu havia feito que é mandar rezar uma missa pra memória de todas as almas penadas.
-Você promete ir embora e deixar este homem na santa paz de DEUS.
-Prometo sim.
-Então saia em nome de JESUS.
     O Márcio voltou em si e o pastor falou pra ele tudo o que o espírito havia falado, e, no entanto avisou que não era necessário mandar rezar uma missa,pois isto era coisa de católico e que o espírito já tinha o deixado em paz.
O homem morrendo de medo e aflição não desrespeitou o pedido de José e no dia 2 de novembro mandou rezar uma missa para as almas que vagam pelo mundo sem descanso. Ele nunca mais quis ‘ficar’ com a viúva e também o espírito de José de Souza Filho não o atormentou mais e enfim descansou em paz esperando o dia do juízo final aonde JESUS virá pessoalmente julgar os vivos e os mortos.

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